quarta-feira, 23 de março de 2011

Crônica: O bicho

Durante esses meus longos 4 anos de vida acadêmica na Universidade de Fortaleza, ouvi histórias que, confesso, hesitei em acreditar. É compreensível que, em uma instituição desse porte, seus milhares de alunos tenham coisas pra contar. No caso da Unifor, muitas coisas.

Considero aquele campus um espaço meio místico, cercado de flora diversificada e fauna um tanto quanto exótica. Tenho certeza de que os alunos de outras universidades não convivem com emas, saguis e camaleões. Quem lancha no Centro de Convivência tem, ainda, a oportunidade de fazer sua refeição cercado por dezenas de gatos de olho na sua comida. E é exatamente este o cenário da história peculiar que quero dividir com vocês.

Certa vez, uma amiga do Direito me veio, assombrada, narrar uma cena que despertou a minha curiosidade. Segundo ela, num dos intervalos do semestre retrasado, havia um moço que aguardava as pessoas desistirem de comer os últimos pedaços de seus lanches para, então, abocanhar os restos.

Imagino a cara dos jovens "bem nascidos" que circulam por aquele ambiente enquanto assistiam a ação. Nem precisa ser filha de médicos, como a minha narradora, para sentir um bocado de asco frente a tamanha falta de higiene. No meu caso, além de repulsa, foi curiosidade, vontade de saber quem é este moço. Será um aluno? Ele faz isso por necessidade? Minha amiga logo alfinetou: "Parecia um mendigo!"

Desde então, perguntei a alguns colegas de curso se já viram ou ouviram falar. Contabilizei um total de 3 relatos. Um amigo que desconhecia a história até chegou a afirmar que isso só podia ser coisa de um conhecido "mazela" dele. O fato é que eu nunca soube quem era o famigerado e por qual motivo ele praticava esta brutalidade. Poucos viram, nem todos deram a devida atenção, nem todos lembram. Mito ou realidade, o tal homem vez por outra é lembrado nas minhas conversas. E sempre que falo dele, inevitavelmente as palavras de Manuel Bandeira me vem à cabeça. Nem cão, nem gato, nem rato. "O bicho, meu Deus, era um homem."

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